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Populismo em Alta: A Nova Face da Gestão em Dourados

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Prefeito muda de postura após eleição, mas aposta em ações midiáticas pode esconder falta de gestão efetiva.

Dourados, mais uma vez, se vê diante dos perigos do populismo. O atual prefeito, Marçal Filho, surpreende ao adotar uma postura marcadamente populista — algo que poucos esperavam. Conhecido, até então, como uma figura introspectiva, pouco afeita a aparições públicas, o agora gestor municipal tem se revelado uma presença constante em bairros, periferias e redes sociais.

Durante sua trajetória como radialista, Marçal construiu uma imagem simpática, promovendo ações como sorteios de prêmios e distribuição de cestas básicas — sempre com um forte apelo midiático. No entanto, desde que assumiu o cargo de prefeito, essa abordagem se intensificou e passou a ocupar o centro de sua atuação política.

Enquanto o contato direto com a população pode, de fato, revelar as necessidades reais dos moradores — especialmente na área da saúde —, há um claro risco de que essa postura se transforme em uma cortina de fumaça. Segundo aliados e observadores políticos, o excesso de exposição e a ausência de diálogo com vereadores, deputados e parceiros de campanha demonstram uma tendência preocupante: a centralização das decisões e o isolamento político.

Essa postura, alimentada por marqueteiros e conselheiros, visa manter a popularidade conquistada nas urnas. No entanto, pode mascarar a falta de enfrentamento a questões estruturais urgentes. Entre os desafios negligenciados estão a crise na previdência municipal, a dívida da Funsaud, a escassez de vagas na educação infantil, a reestruturação da saúde pública, e a necessidade de articulação com o governo estadual para aumento dos repasses do ICMS.

Passados quase cinco meses de gestão, o que se vê são inaugurações de obras iniciadas pela administração anterior e ações simbólicas com pouco impacto prático. Um exemplo emblemático foi a reforma de um posto de saúde entregue sem qualquer contribuição direta da atual gestão — apenas concluída após meses de paralisação herdada da antiga administração.

A cena da primeira-dama com uma roçadeira nas costas, cortando mato em CEIMs e UBSs, pode até gerar simpatia, mas expõe um problema maior: a ausência de planejamento e eficiência administrativa. Existe empresa contratada para esse serviço, além da Secretaria de Serviços Urbanos, que deveria gerir essa demanda. Se é necessário que a primeira-dama intervenha diretamente, trata-se de um grave sinal de desorganização.

Da mesma forma, o prefeito, saltando sobre um bueiro para chamar atenção ao barulho produzido pela estrutura, viralizou nas redes, mas não resolveu o problema. Dourados enfrenta dezenas de bueiros danificados e outros tantos entupidos, provocando alagamentos frequentes. Árvores continuam caindo sobre veículos, os buracos se multiplicam pelas ruas e o mato toma conta dos canteiros — algo impossível de ser resolvido apenas com ações isoladas e midiáticas.

É hora de descer do palanque, abandonar o espetáculo e adotar uma gestão técnica, com planejamento estratégico e ações concretas. A cidade de Dourados, segunda maior do estado e a mais importante do interior, exige uma administração à altura de sua relevância. E o prefeito Marçal Filho precisa honrar a confiança que recebeu nas urnas — com trabalho sério, competência e compromisso com os desafios reais da população

 

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