O ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL, revelou que a possibilidade de um estado de sítio foi analisada no final de seu mandato, mas negou qualquer envolvimento em um golpe de Estado. Em suas declarações, ele enfatizou que "golpe de Estado é uma coisa séria" e que tal assunto nunca foi debatido durante sua gestão. "É como o Temer disse hoje. O Temer disse uma obviedade: golpe de Estado tem que ter a participação de todas as Forças Armadas, senão não é golpe de Estado. Ninguém dá golpe de Estado em um domingo, em Brasília, com pessoas que estavam aí com bíblias debaixo do braço e bandeira do Brasil na mão, nem usando estilingue e bolinha de gude e muito menos batom. Não tinha um comandante. [
] Vamos tirar da cabeça isso aí. Ninguém vai dar golpe com um general da reserva e meia dúzia de oficiais. Da minha parte nunca houve discussão de golpe", disse o ex-presidente. Além disso, Bolsonaro afirmou não ter conhecimento de planos que visassem prender ou assassinar o presidente eleito Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. O ex-presidente afirmou que a palavra golpe "nunca esteve" em seu dicionário. "Não faço e jamais faria algo fora das quatro linhas". Para ele, "dá para resolver os problemas do Brasil dentro da Constituição".
"Se alguém viesse conversar sobre golpe comigo eu ia dizer: "tá, tudo bem, e o after day (dia seguinte)? Como fica o mundo perante a nós? Agora todas as medidas possíveis dentro das quatro linhas, dentro da Constituição, eu estudei", afirmou. Recentemente, a Polícia Federal indiciou 37 indivíduos, incluindo Bolsonaro, por tentativa de golpe de Estado e formação de organização criminosa. As investigações revelaram que havia planos golpistas em 2022, que incluíam ataques ao sistema eleitoral e um documento que mencionava a possibilidade de eliminar autoridades. O ex-presidente não se aprofundou nos detalhes da investigação, mas reafirmou que todas as ações discutidas estavam em conformidade com a Constituição.
Bolsonaro também fez críticas ao ministro Alexandre de Moraes, alegando que não houve convocação dos conselhos da República e da Defesa para debater a questão do estado de sítio. Desde fevereiro, ele tem sustentado que um golpe não pode ser realizado "usando a Constituição", defendendo sua posição de que as medidas consideradas eram legítimas. A situação em torno das investigações continua a se desenrolar, com a atenção do público voltada para os desdobramentos legais e políticos. A postura de Bolsonaro, ao se distanciar de qualquer conotação golpista, reflete sua tentativa de manter uma imagem de legalidade em meio a um cenário conturbado.
No documento enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última quinta-feira, 21, a PF indiciou Bolsonaro e outras 36 pessoas – entre elas os generais Augusto Heleno (ex-chefe do GSI), Braga Netto (ex-ministro da Defesa e vice de Bolsonaro na chapa derrotada em 2022), Paulo Sérgio Nogueira (ex-comandante do Exército) e Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira (ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército), o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres – pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Somadas, as penas chegam a 28 anos de prisão.