DENGUE

Empreiteira que tinha caderno com nome de Sérgio de Paula é investigada em novo inquérito

Empresa com contrato de R$ 17 milhões foi alvo de busca e apreensão durante operação contra corrupção em Sidrolândia

Por Redação em 12/11/2024 às 13:17:02

A empreiteira GC Obras de Pavimentação AsfĂĄltica (CNPJ 16.907.526/0001-90) é alvo de mais uma investigação do MPMS (Ministério PĂșblico de Mato Grosso do Sul). Dessa vez, inquérito civil irĂĄ apurar licitação de R$ 17.294.984,20 da prefeitura de Sidrolândia, vencida pela empresa para asfaltar diversas ruas do municĂ­pio, localizado a 70 km de Campo Grande.

No dia 3 de abril, a sede da empreiteira foi alvo de buscas do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). No local, os investigadores apreenderam um caderno com anotações que continham o nome de Sérgio de Paula, ex-secretĂĄrio-executivo do Escritório de Relações Institucionais e PolĂ­ticas de Mato Grosso do Sul no Distrito Federal e um dos lĂ­deres do PSDB no Estado. De Paula deixou o cargo no governo para se dedicar às campanhas do partido nas eleições deste ano.

Conforme o Portal TransparĂȘncia do municĂ­pio de Sidrolândia, a abertura das propostas da licitação ocorreu em 9 de fevereiro. Então, o contrato milionĂĄrio com a empreiteira foi firmado no dia 14 de março e continua vigente até 2026


Ainda segundo as informações oficiais do municĂ­pio, até o dia 7 de novembro foram emitidas ordens de pagamento que somam total de R$ 15.213.979,15 à GC Obras. Dessa forma, consta que falta liquidar o montante de R$ 991.147,26.

Caderno apreendido em empreiteira investigada tinha nome de Sérgio de Paula

Caderno foi apreendido no endereço da empreiteira, que também é sede da AR Pavimentação AsfĂĄltica (Reprodução, site oficial)

Apesar de não constar no rol de investigados, um dos lĂ­deres do PSDB e cotado para um cargo de conselheiro no TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado), o nome de Sérgio de Paula aparece em caderno apreendido por determinação da Justiça.

Então, os materiais apreendidos podem dar origem a novos desdobramentos da Operação Tromper, que revelou escândalo de corrupção e desvio de dinheiro pĂșblico com direito a pagamento de "dĂ­zimo da propina" a outro polĂ­tico do PSDB, apontado como o "chefe" do esquema: o vereador licenciado de Campo Grande, Claudinho Serra.

Vale ressaltar que Claudinho Serra jĂĄ atuou como chefe de gabinete de Sérgio de Paula na Casa Civil do Governo de MS. O vereador tucano foi preso durante o cumprimento de mandados, no dia 3 de abril. Saiu 23 dias depois com uso de tornozeleira e deve continuar sendo monitorado até maio do ano que vem.

Sérgio de Paula, ex-presidente do PSDB-MS, com Claudinho Serra: ex-chefe de gabinete na Casa Civil (Reprodução Assessoria de Imprensa/ claudinhoserra.com.br)

A reportagem tentou contato com Sérgio de Paula através de ligações telefônicas e mensagens. No entanto, sem sucesso.

Também tentamos obter esclarecimentos da empreiteira GC através dos contatos oficiais cadastrados junto à Receita Federal, mas as ligações não foram atendidas e os e-mails não foram respondidos.

Pupilo do PSDB e acordo para exercer mandato

Hoje réu por corrupção, Claudinho Serra sempre atuou diretamente com a cĂșpula do PSDB, notadamente com o ex-governador Reinaldo Azambuja e Sérgio de Paula, conforme consta em sua própria biografia: "Em 2016, foi convidado pelo então governador Reinaldo Azambuja para ser um dos coordenadores de campanha dos candidatos do PSDB nos municĂ­pios. Também atuou no Governo do Estado, especificamente nos assuntos polĂ­ticos de Campo Grande, diretamente com o secretĂĄrio de Articulação PolĂ­tica, Sérgio de Paula".

Claudinho Serra atuava diretamente com Reinaldo Azambuja e Sérgio de Paula, lĂ­deres do PSDB em MS (Divulgação)

Disputou a primeira – e Ășnica – eleição em 2020, quando obteve modestos 3.616 votos, ficando só com a 2ÂȘ suplĂȘncia do PSDB. Só assumiu o mandato como vereador após uma sequĂȘncia de situações. A primeira, com o titular do mandato, João Cesar Mattogrosso, assumindo cargo no governo do Estado. Assim, o 1Âș suplente, Ademir Santana, foi chamado. Depois, o vereador João Rocha assumiu também um cargo no governo. Então, Claudinho assumiu como suplente em maio de 2023.

Por fim, conseguiu o mandato em definitivo quando Ademir Santana renunciou ao cargo alegando que deixava a vaga para a qual foi eleito para se dedicar à campanha eleitoral do PSDB. Ademir renunciou e entregou a vaga para Claudinho um mĂȘs antes da deflagração da Operação Tromper.

Este ano, Claudinho não disputou as eleições municipais.

Vereador do PSDB comandou esquema de corrupção em Sidrolândia

O parlamentar é ex-secretĂĄrio de Fazenda, Tributação e Gestão Estratégica de Sidrolândia. EstĂĄ implicado nas investigações da 3ÂȘ fase da Operação Tromper, deflagrada pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) com apoio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

Claudinho Serra e outros 21 viraram réus, em 19 de abril, após o juiz da Vara Criminal da comarca de Sidrolândia, Fernando Moreira Freitas da Silva, aceitar a denĂșncia apresentada pelo MPMS.

Investigações do Gecoc e delação premiada do ex-servidor Tiago Basso da Silva apontam supostas fraudes em diferentes setores da Prefeitura de Sidrolândia, como no Cemitério Municipal, na Fundação IndĂ­gena, abastecimento da frota de veĂ­culos e repasses para Serra feitos por empresĂĄrios. Os valores variaram de 10% a 30% do valor do contrato, a depender do tipo de "mesada".

Comunicar erro

ComentĂĄrios