Adversários no segundo turno da disputa pela prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) ficaram frente a frente pela primeira vez na noite desta segunda-feira, em debate promovido pela TV Bandeirantes. O encontro foi marcado por acusações relativas ao apagão que atinge a capital paulista e por denúncias que já haviam dado as caras no primeiro turno, além de um clima respeitoso, que incluiu até um rápido abraço entre os rivais.
O evento foi analisado pelo time de colunistas do GLOBO, que concedeu notas de 1 a 5 para o desempenho de cada candidato ao longo das quase duas horas de enfrentamento. Participaram da avaliação os jornalistas Bela Megale, Bernardo Mello Franco, Lauro Jardim e Malu Gaspar, além de Luiz Rivoiro, diretor da sucursal do jornal em São Paulo.
A análise apontou para uma vantagem de Guilherme Boulos, que alcançou uma média de 3,6 considerando todas as cinco notas. A avaliação ficou exatamente um ponto acima da de Ricardo Nunes, que obteve média de 2,6.
Quatro dos cinco participantes entregaram notas mais altas para Boulos do que para Nunes. A única exceção foi Malu Gaspar, que deu o mesmo 4 para ambos. Para a colunista, o psolista até esteve mais "bem treinado e desenvolto", abordando "temas sensíveis que poderiam tirar votos do rival", mas faltou "um golaço". Já o atual prefeito, no entender da jornalista, "superou o tema do apagão sem grandes problemas" e, além de ter feito piada e abraçado o rival, conseguiu "não sofrer um golpe fatal".
Lauro Jardim, por sua vez, foi o avaliador que viu a vitória mais consolidada de Boulos, que recebeu nota 4, sobre Nunes (2). Ele opinou que o deputado federal "foi mais assertivo e pautou o debate", deixando o aspirante à reeleição acuado. O colunista pontuou ainda que o prefeito "mostrou insegurança não só nas respostas, mas também em sua linguagem corporal".
Outros participantes tiveram opinião similar sobre a desenvoltura de Nunes em meio ao formato que permitia a circulação pelo estúdio. "Certas vezes, se mostrou acuado na movimentação do palco", disse Bela Megale, lembrando que o prefeito também "evitou respostas que pudessem desagradar bolsonaristas, como no tema da pandemia". "Demorou a se acostumar com a movimentação livre e soou hesitante em alguns momentos", analisou Rivoiro, também sobre Nunes, destacando que a estratégia do emedebista passou por administrar "a vantagem nas pesquisas e evitar o confronto".
Já Bernardo Mello Franco até destacou que, ao longo do debate, o prefeito "retomou a calma", mas ressaltou que Nunes "abusou do truque de não responder perguntas embaraçosas". Para o colunista, porém — embora tenha conseguido apertar o rival com "perguntas sobre apagão, vacinas e corrupção na prefeitura" —, Boulos "não deu a goleada que precisava dar".
Fonte: G1 - Globo