Essas regras tornam o FIDC são-paulino diferente de uma operação de crédito convencional. Nelas, os clubes pegam dinheiro emprestado com terceiros, mediante taxas de juros e garantias de pagamento, porém sem nenhuma alteração na sua própria maneira de administrar a verba.
Para além da governança mais arrojada, o restante funciona tal qual um empréstimo comum. Haverá um prazo de quatro anos e meio para pagar, com vencimento em dezembro de 2028. A taxa de juros é de CDI +5%, acrescida das taxas de administração do fundo e despesas de sua estruturação. E as garantias oferecidas pelo São Paulo são variadas:
- (i) contratos de patrocínio;
- (ii) direito de uso de espaços;
- (iii) licenciamentos;
- (iv) direitos de transmissão;
- (v) programa de sócio-torcedor;
- (vi) vendas de jogadores.
Perfil da dívida bancária
A intenção de Julio Casares ao captar os R$ 240 milhões por meio do FIDC é reperfilar a dívida do São Paulo, isto é, usar o dinheiro para pagar dívidas antigas e concentrar o novo passivo em um único credor, com mais tempo para pagar e condições que a diretoria julga mais vantajosas.
Aos conselheiros, o clube mostrará um panorama dos empréstimos em aberto com instituições financeiras. A dívida bancária tricolor estava em R$ 217 milhões ao término de 2023. Desse montante, a diretoria separou os contratos de 12 operações de crédito para a análise detalhada.
Daycoval | 10 meses | R$ 22 milhões |
Bradesco | 28 meses | R$ 32 milhões |
Bradesco | 8 meses | R$ 9,3 milhões |
Tricury | 1 mês | R$ 4,4 milhões |
Daycoval | 2 meses | R$ 1,7 milhão |
BTG | 21 meses | R$ 24 milhões |
Bradesco | 27 meses | R$ 23 milhões |
Daycoval | 8 meses | R$ 12 milhões |
Daycoval | 10 meses | R$ 20 milhões |
Rendimento | 36 meses | R$ 18 milhões |
Rendimento | 36 meses | R$ 1,5 milhão |
Tricury | 13 meses | R$ 26 milhões |
O prazo curto para o pagamento e os juros que incidem sobre as obrigações, que a diretoria do clube estima em R$ 38 milhões a R$ 48 milhões por ano, a depender de fatores da economia brasileira, são alguns dos problemas relacionados a esse tipo de endividamento. O pagamento antecipado desses empréstimos possui multas e penalidades. Mesmo assim, a direção são-paulina entende que os riscos passam a ser reduzidos ao concentrar o passivo em um credor só. Outra mudança está no aval do presidente Casares. Hoje, o dirigente participa dos empréstimos bancários existentes como garantidor em pessoa física. No FIDC, o São Paulo captaria os recursos dependendo unicamente de seus direitos creditórios, ou seja, suas receitas futuras. |