Eleito de forma surpreendente em 2020 com os votos da maioria dos douradenses, principalmente entre as camadas mais carentes da população, o prefeito de Dourados Alan Guedes (PP) quer reduzir o Imposto Predial Territorial Urbano de gente endinheirada ao mesmo tempo em que aumenta o IPTU dos mais pobres.
O atual mandatário do município mandou para a Câmara de Vereadores Projeto de Lei Complementar para alterar o Código Tributário Municipal de 2003 e reduzir de 3% para 1% a alíquota de IPTU sobre terrenos vazios localizados dentro de condomínios fechados.
Em resumo: Alan Guedes defende que douradenses ricos donos de terrenos localizados em condomínios de alto padrão paguem 1% de imposto sobre esses lotes enquanto todos os demais moradores pagam de 2,5% a 3%. Seria uma espécie de "Robin Hood" ao contrário, pois a proposta tira dos pobres para beneficiar os ricos.
Pela proposta do atual prefeito, o dono de um terreno avaliado em R$ 85 mil no residencial Bonanza, por exemplo, vai continuar pagando em torno de R$ 2.250 de IPTU. Já o proprietário de um lote de R$ 300 mil em condomínio fechado vai pagar R$ 3 mil.
O projeto do Executivo aliviando o bolso dos ricos soa ainda mais contraditório diante da realidade da população pobre – castigada por três anos de pandemia de covid-19 – e ao mesmo tempo em que o município aumenta a "facada" no bolso dos demais contribuintes.
Em 2022, o valor bruto do IPTU lançado pela Prefeitura de Dourados no IPTU foi de R$ 166.924.090,45. Em relação ao ano anterior (R$ 143.760.406,39), houve correção de 10,7304%, da inflação acumulada no período.
Nos bastidores, os boatos são de que houve forte lobby de construtoras e incorporadoras de Dourados, donas de condomínios de luxo localizados na região norte da cidade. A ideia ganhou apoio de alguns assessores diretos do prefeito, mas Alan Guedes pode pagar alto preço político por encampar a proposta.
Na mensagem enviada à Câmara de Vereadores junto com o projeto, Alan Guedes e o procurador-geral do Município Paulo César Nunes da Silva alegam que no entendimento da Justiça de Mato Grosso do Sul, terrenos sem construção localizados em condomínios fechados devem pagar a mesma alíquota de imóvel edificado.
"Não se trata de criar benefício a proprietários em condomínios fechados, mas de adaptar a legislação a fatos e situações novas que têm passado pelo crivo do Poder Judiciário e não podem ser ignorados", justificou o prefeito.
No projeto enviado ao Legislativo, o prefeito informou que a proposta de alíquota menor para lotes vazios em condomínios fechados representará renúncia fiscal de R$ 6,1 milhões.
Por lei, o gestor público não pode abrir mão de receita. Para "driblar" essa exigência, a Prefeitura de Dourados informou aos vereadores que a renúncia de R$ 6,1 milhões poderia ser compensada "por ações simultâneas que estão previstas para acréscimo da receita tributária no próximo exercício".
A intenção de Alan Guedes e seus secretários era colocar a nova alíquota em prática já em 2023, mas não houve acordo no Legislativo e o projeto não foi votado na última sessão do ano, nesta quarta-feira (14). Com isso, a proposta só voltará à pauta em 2023 e se aprovada, só poderá entrar em vigor em 2024.
O Dourados Informa procurou a assessoria do prefeito e aguarda resposta. Assim que Alan Guedes se manifestar, este material será atualizado.
Fonte: Dourados Informa