O mês de abril ainda nem terminou, mas já entrou para a história como o mais chuvoso em mais de 30 anos em Dourados. De acordo com dados do Guia Clima da Embrapa, até as 10h45 da manhã desta quarta-feira (24) já foram registrados 41.4 mm de chuva, ao todo o volume já é de 245 milímetros de chuva no mês — sendo 200,9 mm até o dia 23 e mais o acumulado da manhã desta quinta-feira (24).
Esse volume representa mais que o dobro da média histórica de abril, que é de 108,6 mm na região.
Desde 1992, quando abril registrou 272 mm de chuva – o maior da série histórica iniciada em 1980 -, nenhum outro ano havia se aproximado tanto desses números. Somente em 1998 (com 207,7 mm) e em 2011 (215,4 mm) o acumulado mensal passou da marca dos 200 mm.
Agora, 2025 entra para essa curta lista, revelando um abril atípico e extremamente úmido.
O cenário meteorológico que tem favorecido essas chuvas intensas envolve uma combinação de fatores climáticos. Segundo o Clima Tempo, um forte transporte de umidade vindo da faixa norte do Brasil está se encontrando com uma área de baixa pressão atmosférica localizada sobre o Paraguai.
Esse encontro de sistemas, aliado à intensificação dos ventos em altos níveis da atmosfera, cria condições ideais para a formação de nuvens carregadas e tempestades.
Essa instabilidade deve continuar influenciando o clima nos próximos dias, conforme os dois alertas vigentes emitidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) para Dourados e região.
O primeiro, válido até as 10h de sexta-feira (25), prevê chuvas entre 30 e 60 mm/h ou até 100 mm por dia, além de ventos de até 100 km/h e risco de queda de granizo. O segundo, que começa a valer amanhã, alerta para chuvas intensas entre 20 e 50 mm/dia e ventos de até 60 km/h, com risco moderado de alagamentos e quedas de galhos.
Alagamentos
O volume excepcional de chuva teve consequências diretas na rotina dos douradenses. No dia 12, por exemplo, foram registrados 83,5 mm em poucas horas, o que provocou alagamentos em diversas regiões da cidade.
Conforme noticiado pelo Dourados News, a Defesa Civil contabilizou estragos em pontos já considerados de risco, como o Via Parque no bairro Cachoeirinha, nas imediações do Córrego Rego D’Água, além dos bairros Jardim Pantanal, Jardim João Paulo II e a entrada da Rua Monte Alegre.
De acordo com o coordenador da Defesa Civil, Johnes Santana, o acúmulo de lixo nos bueiros agravou ainda mais a situação, dificultando o escoamento da água. Locais de grande movimentação como o Terminal Rodoviário Renato Lemes Soares, a Feira Livre João Totó Câmara e importantes vias da cidade, como as avenidas Guaicurus e Coronel Ponciano, também enfrentaram alagamentos.
Dando sequência ao acumulado de chuvas do mês, no dia 18 choveu mais 50,3 mm, reforçando o padrão de instabilidade que vem marcando o mês.
